segunda-feira, 13 de junho de 2011

No te hagas la bruta (...o pequeña multitud de sensibilidades masculinas habitando un sólo cuerpo)


Tengo um V8
Rojo
con Goodyear de 500 millas
Ruge
Gruñe
Nunca se voltea
La tecnología es simple
y brutalmente efectiva
Puertas soldadas
y hay que verle el asiento trasero.

Soy estas piernas fuertes
ágiles
unos hombros que derrumban
obstáculo cualquiera
y la vista atenta
las manos callosas
corro y soy fuerte
sagaz y joven
no hay quien me amedrente
ni me haga perder el camino
de mis sueños
Soy libre
tengo ambiciones
y mis brazos no te dejan escapar.

Todos estos libros que vez
y el tamaño de minteligencia
los triunfos que tuve
sin calculadoras ni ayudantes
El Quijote sin ayudas
Spinosa en latin
Física quántica para físicos quánticos
Tanta sensibilidad social
financiera
política
estratégica
poética
sexual.
La vejez errática de mis padres:
mi vez ha llegado
es ahora o nunca
¿yo o quién?

Voy en mi T700
Kenwoorth
por la que mucho me esforcé
trabajé
robé
evadí
ahorré
Por abajo pasa el río
el rebaño
tengo cama doble
nevera
satelital
y un espejo en el techo
frenar no mucho
485 h(ijue)p(utas)
7 ejes
que podrían cargar la ciudad entera
pero dentro sólo quepo yo
y algunos cuerpos
que a cada desierto cambio
por dos esposas o un papel higiénico.

De chiquito tenía miedo.
Esto es un Cesna privado
negro
de 8 pasajeros selectos
que me libra de todo mal.
Mi psicoanalista era piloto, pero un incapaz.

Una mancha roja en la carretera
Huracán de sudor feroz
Discurso incontestable
El bramido divinal atravesando el pueblo
¿Pájaro? ¿Avión? No.

Tu eres hilacha de carne entre los dientes
Y no te hagas la bruta
No digas que no lo sabías.

terça-feira, 24 de maio de 2011

o frango


I
Caso fosse
tratar-se-ia de um frango.

Não um galo, nem abutre
e muito menos águia.

Um malmente e simples
frango
de pescoço desplumado
corpo mediano
e uma pata que não lhe funciona...

Andaria torto de tão desnorteado
de tão mentiroso
de tão pouca coisa que seria nesse mundo vasto.

Caso fosse
deveríamos falar,
a bem da verdade,
que um dia aparentou ser galo
o quase foi
ou, vai, foi.
Teria sido.

Um galo sorridente
de plumagem brilhoso
e estepes importadas.

Um galo que teria por filha e esposa
mamíferas de grande porte
que viajarousse com suas asas de galo
o mundo das aves maiores
dos felinos
das taurinas.

Galo pleno, fosse
que poderia ter sido galinha,
que não se trata de gênero,
mas de tamanho de bico.

Mas era frango e sempre foi
covarde
estúpido
rancoroso
e sujo
frango de penas descoloridas
de penas antigas
para quem o amor depois do amor
é a morte
a traição
a chantagem
a dor.

(e tiremos de uma vez
o bafinho pateta da crítica:
aqui não se tratou de destinos
como na poesia maldita,
mas de decisões
como no dia-a-dia da prostitutas)

Sem galo para ser,
depois da onça ter descoberto
que aquele minúsculo coração
não satisfaria sua fome,
depois de levar consigo o touro
para pastos melhores
para céus violáceos,
ele
descobrindo sua inescapável franguidade
decidiu achar a espora do pai
(de algum pai)
afiar
envenenar
e cravar no coração do mundo
-onça e touro incluídas-
que dormia em paz.

Afortunadamente onça é onça e frango é frango.
A brutal natureza da perspectiva.
De meio olho aberto ela resistiu o ataque
E envolveu o touro com o rabo de fogo
Enquanto segurava sua pata para não fazer mais dano.

Claro, caso fosse
caso houvesse
caso tivesse
mas não foi.

Não é.
Ele é apenas inexistência.



II.
Pero me atacó de nuevo
una mañana de invierno
veneno traía en su espuela
y yo ya estaba de mal humor.

Al pollo miserable le
                        corté una pata
la pata buena
con estos mis dientes finos.

Le quité 100 plumas
            11 días después
                        y un pedazo de pico.

Maldito seas rata-pollo
Para siempre seas
Inmundo y pollo
de media pierna pollo
medio pico
y huecos de piel sangrante

Una mañana nublada
la más caliente del invierno
me despertó con la
            espuela
en la garganta
el pico en el ojo
ojitos de ira
tan cagada de miedo
que daba risa.

Lo golpeé un poco
agarrado del pescuezo
solemnemente
contra la pared,
mientras me quitaba el sueño.

Ay, cómo se lamentaba el maldito
cómo sufría
se quejaba de la injusticia de su vida
culpaba a todas sus madres e hijas
qué angustia
qué dolor qué dolor qué pena.

Entonces fue cuando vi el desastre.

Alrededor del pollo,
la ciudad,
ésta que ama mártires y víctimas
sus hijas
llorando, odiándome
odiándose
en un éxtasis de compasión
y yo
que no creo en miserias
absolutamente derrotado
fuego asesino
bestia primaria
rabia.

III.
Entonces respiro.
Ele é.
Uma apenas existência
que nos levou à guerra.
Mas crocodilo é crocodilo. E frango é frango
La brutal naturaleza de la relación.

Como o exuzinho da lavanderia
que achou por bem,
às seis horas da manhã,
arrebentar a mangueira do tanque.

domingo, 24 de abril de 2011

Sul

No inverno os mamilos crescem
Viram rochedos suculentos
Fecham-se sobre si em dobras góticas.

No inverno todas as carnes endurecem
São frutas firmes de energia contida
E os pêlos excitados de calafrios públicos

No inverno desfilam o casacão de lã
Ou de pele fingida de animal certo
Que acaricia a tez hidratada e o umbigo e o joelho

No inverno as ruas são as mesmas do verão
A promessa da lareira ou do vulcão desconhecido
E sob as luvas de cetim as mãos mais doces e malandras.

No inverno é vento, é pampa e elas na avenida
O batom vermelho, o céu violeta
Os zerograus sussurram nos ossos e gemem no coração

No inverno da capital os espíritos pobres
Seguem sendo tão pobres mas de sopa na viatura
E a fúria campeira ou a culpa colona, também


...no inverno refugiar-se nos teus cabelos
no esbravejar das tuas brigas
com o dinheiro que teria perdido na poupança dos filhos ingratos.
ai... no inverno o motelzinho de cobertas grossas
ou demorar o boquete no estacionamento
para não perder tão precocemente a calefação do carro do senhor.

no inverno deixar a piça bem quente e esfomeada
esfregá-la toda nas coxas geladas
e depois senti-la entrar, devagarzinho, até atiçar a luz da primavera.

e então florescer, de vez, na madrugada do cabaré
dormir tranqüila de volta a casa
bem paga, bem comida; boa comida na geladeira já paga.

...

Nu inverno
De vulva violácea e apertadinha
De leites fervidas na panela o os pingos de mel.